Lesões ligamentares na mão e punho: o papel da Terapia Ocupacional na recuperação funcional

Lesões ligamentares na mão e punho causam dor e instabilidade. Saiba como a Terapia Ocupacional ajuda na recuperação funcional e retorno às atividades.

Amanda Magesto

5/20/20255 min read

Você sente dor, instabilidade ou insegurança ao movimentar a mão ou o punho? Pode ser sinal de uma lesão ligamentar. Essas estruturas são essenciais para a estabilidade e o funcionamento das articulações, e quando sofrem lesão, podem comprometer a precisão, força e até mesmo o movimento fino da mão.

Existem diversas lesões ligamentares que afetam a mão e o punho — de entorses simples a rupturas mais complexas, como as do ligamento escafossemilunar, da fibrocartilagem triangular ou a conhecida lesão de Stener, no polegar. Apesar das diferentes causas e estruturas envolvidas, o impacto funcional e o tratamento têm princípios em comum: controle da dor, estabilização articular e retorno à função.

Lesão de Stener e lesões parciais do ligamento colateral ulnar: quando o polegar perde estabilidade

Essas lesões ocorrem quando o ligamento colateral ulnar da articulação metacarpofalângica do polegar é lesionado, geralmente após um trauma em que o dedo é forçado para fora da mão — como quando alguém cai e apoia a mão no chão com o polegar aberto, ou em esportes que envolvem impacto direto na mão, como esqui, vôlei ou artes marciais.

A lesão pode ser parcial ou completa. Nas lesões completas, especialmente quando há interposição do músculo adutor entre as partes do ligamento (lesão de Stener), a cicatrização espontânea não ocorre e a cirurgia costuma ser necessária. Já nas lesões parciais, o tratamento conservador é possível e bastante eficaz.

Em ambos os casos, a Terapia Ocupacional tem papel fundamental na reabilitação. Durante o período de imobilização, a confecção de uma órtese sob medida pode substituir o gesso, quando liberado pelo médico. Esse recurso protege a articulação lesionada, mas permite que as demais articulações se movimentem, o que reduz o risco de rigidez e favorece uma recuperação mais funcional em menos tempo.

Após cirurgia ou imobilização, o trabalho terapêutico é voltado para recuperar a mobilidade, controlar a dor, prevenir compensações e restabelecer a força e a precisão da pinça — permitindo que o paciente volte a realizar tarefas do dia a dia com segurança e confiança, como abotoar roupas, segurar utensílios ou escrever.

Lesão da fibrocartilagem triangular (FCT): dor e instabilidade no lado do punho

A fibrocartilagem triangular (FCT) é uma das principais estruturas responsáveis pela estabilidade do lado ulnar do punho — aquele mais próximo ao dedo mínimo. Ela atua como um “amortecedor” entre os ossos do antebraço e o carpo, sendo essencial para movimentos como girar a mão (rotação), descarregar peso ou realizar tarefas com precisão.

Lesões nessa região são relativamente comuns e podem ocorrer por movimentos repetitivos de rotação, carga excessiva no punho, quedas com apoio da mão, ou mesmo por degeneração natural ao longo dos anos.

Os sintomas mais comuns incluem dor na borda do punho, estalos ao movimentar, sensação de fraqueza e dificuldade em tarefas do dia a dia, como abrir uma tampa de pote, apoiar-se com a mão ou carregar objetos com firmeza.

O tratamento pode ser conservador ou cirúrgico, a depender da gravidade da lesão. Em ambos os casos, a Terapia Ocupacional tem papel central na recuperação funcional.

Durante o tratamento conservador, é confeccionada uma órtese tipo Muenster, especialmente desenvolvida para limitar os movimentos de rotação do antebraço (pronação e supinação), que sobrecarregam a fibrocartilagem. Essa órtese ajuda a proteger a articulação e aliviar a tensão sobre a FCT, sem imobilizar totalmente a mão — o que favorece a preservação da função.

O uso da órtese costuma ser contínuo por cerca de seis semanas. No entanto, a órtese por si só não garante a recuperação funcional. Tanto nos casos conservadores quanto nos cirúrgicos, a reabilitação é indispensável para que o paciente recupere de fato a estabilidade e o controle do punho.

O trabalho terapêutico inclui:

  • Exercícios de fortalecimento das estruturas que contribuem para a estabilidade do punho;

  • Treino de propriocepção, para melhorar o controle motor e a consciência do posicionamento articular;

  • Adaptação de atividades, para evitar sobrecargas no retorno à rotina;

  • Progressão gradual dos movimentos e da carga, sempre respeitando a fase da reabilitação em que o paciente se encontra.

O objetivo da Terapia Ocupacional nesse contexto é permitir que o paciente retome suas atividades diárias — pessoais, profissionais ou esportivas — com segurança, autonomia e sem dor, evitando recaídas ou compensações.

Lesões ligamentares em esportes e sobrecarga funcional

Esportes como escalada, crossfit, tênis, vôlei e artes marciais frequentemente envolvem movimentos intensos e repetitivos, cargas altas e impactos diretos nas mãos e punhos, o que aumenta o risco de entorses, microlesões ligamentares e instabilidades crônicas.

Em muitos casos, o atleta segue praticando com dor ou desconforto, o que pode agravar a lesão e gerar compensações em outras articulações. Nesses quadros, a Terapia Ocupacional é essencial para avaliar não só a lesão em si, mas o impacto funcional dela nas atividades específicas daquele esporte e na rotina do paciente.

O plano terapêutico é ajustado conforme a fase da lesão e os objetivos do paciente, incluindo:

  • Exercícios de fortalecimento muscular para promover estabilidade ativa e recuperar o controle da articulação;

  • Exercícios de propriocepção, fundamentais para a precisão dos gestos técnicos;

  • Treino e adequação do gesto esportivo, respeitando as limitações da lesão e corrigindo padrões compensatórios;

  • Adaptação temporária ou progressiva da atividade esportiva, prevenindo recidivas;

  • Uso de órteses funcionais, quando necessário, para proteção durante o retorno gradual ao esporte.

O foco da reabilitação é permitir um retorno seguro e eficiente, com redução do risco de novas lesões e preservação do desempenho esportivo e da qualidade de vida.

A reabilitação especializada faz diferença

As lesões ligamentares da mão e do punho, embora diversas em sua origem e gravidade, têm algo em comum: todas podem comprometer significativamente a funcionalidade e a qualidade de vida. A boa notícia é que, com o acompanhamento adequado, é possível tratar essas lesões com foco não apenas na dor, mas na recuperação real da função da mão.

A Terapia Ocupacional é parte essencial desse processo, oferecendo uma abordagem individualizada, com base em avaliação funcional, prescrição de órteses, exercícios terapêuticos e estratégias de adaptação que respeitam o ritmo e os objetivos de cada pessoa.

Se você sente dor, instabilidade ou já foi diagnosticado com alguma lesão ligamentar na mão ou no punho, procure um profissional especializado. Um plano de reabilitação bem conduzido faz toda a diferença para que você volte a realizar suas atividades com segurança, confiança e autonomia.
Sou Terapeuta Ocupacional, especialista em reabilitação da mão e dos membros superiores, e atendo em Indaiatuba. Entre em contato para agendar uma avaliação.